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Como é a atuação da fisioterapia em cirurgias tóraco-pulmonares
O câncer de pulmão é uma das neoplasias mais frequentes em todo o mundo, com altos índices de incidência e mortalidade, sendo no Brasil a segunda neoplasia maligna mais comum tanto nos homens quanto nas mulheres.
O principal agente envolvido na gênese deste tipo de tumor é o tabaco, sendo que 90% de todas as mortes por câncer de pulmão estão associadas ao tabagismo
A ressecção cirúrgica recomendada para o tratamento de pacientes com câncer de pulmão consiste em lobectomia ou pneumectomia associada à linfadenectomia mediastinal. Ressecções menores (segmentectomia ou ressecção em cunha) devem ser reservadas para os pacientes com baixa reserva funcional cardiopulmonar.
As cirurgias para ressecção de neoplasias malignas dos pulmões são procedimentos de grande porte e em população de pacientes de risco (idade, tabagismo, comorbidades), por isso as taxas de morbidade chegam a cerca de 30% e a de mortalidade varia de 3% a 6%.
A avaliação da condição cardiopulmonar é fundamental para selecionar os pacientes aptos para este tipo de cirurgia, e em cerca de 20% dos casos a cirurgia chega a ser contraindicada devido à falta de condição cardiopulmonar adequada para aguentar uma lobectomia ou pneumectomia.
A presença da dor em incisões abdominais e torácicas, depressão do centro respiratório por uso de anestesias e analgésicos; e paralisia temporária dos músculos respiratórios durante a cirurgia torácica causam grandes alterações nos volumes e capacidades respiratórias. Essas alterações são fatores que predispõem à algumas complicações respiratórias.
Complicações nos pós-operatórios tóraco-pulmonares
As principais complicações pós-operatórias são a exacerbação do DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), broncoespasmo que é a chiadeira no pulmão, pneumonia (infecção pulmonar) e atelectasia (fechamento de partes ou do pulmão como um todo) que podem levar à insuficiência respiratória com necessidade de ventilação mecânica artificial.
Outras complicações incluem derrame pleural (acúmulo de líquido no espaço pleural) fístula aérea, que é um escape de ar pela pleura (membrana que reveste o pulmão), embolia pulmonar, ou até mesmo síndrome da Angústia Respiratória do Adulto (SARA) que é caracterizada por uma lesão alveolar difusa e irregular que acarreta uma insuficiência respiratória grave.
As complicações cardíacas podem incluir arritmia cardíaca ou infarto agudo do miocárdio.
Uma rigorosa avaliação pré-operatória, principalmente da função cardiopulmonar, é de fundamental importância para identificar e modificar características determinantes de maior risco e consequentemente diminuírem a taxa de complicações no pós-operatório.
O papel do fisioterapeuta
Além da adequada avaliação da condição funcional pulmonar, algumas medidas adotadas no pré-operatório são recomendadas com a finalidade de reduzir os riscos de complicações. A principal delas consiste em se manter a função ventilatória o melhor possível. E é aqui que entram os fisioterapeutas.
A fisioterapia respiratória pode ser feita antes e depois da cirurgia. Já é comprovado cientificamente o efeito terapêutico da fisioterapia respiratória, principalmente no efeito reexpansivo do pulmão e de higiene brônquica.
A intervenção fisioterápica tanto pré quanto pós-operatória hospitalar auxilia a manter os pulmões bem ventilados, auxilia na remoção de secreções prevenindo pneumonias, propiciando assim uma recuperação em um menor tempo.
Se a dor pós -for intensa, a fisioterapia também dispõe de técnicas de relaxamento e a eletroterapia pode ser considerada para analgesia. Em uma fase mais tardia, já de alta do hospital, é recomendado a Reabilitação Pulmonar, onde exercícios para os membros, exercícios aeróbicos e ventilatórios ajudam o paciente a adequar-se à sua nova função pulmonar.
Autor: Dra. Jaqueline Munaretto Timm Baiocchi